Cris Zanata
Sabe a sensação de escutar o despertador e achar que acabou de deitar, que o relógio está errado e sua única vontade é de continuar na cama?
Isso acontece devido ao cansaço contínuo, a falta de energia para iniciar um novo dia e o desânimo frequente que afeta o desempenho e a produtividade no trabalho. Os índices de esgotamento emocional profissional "burnout" estão aumentando cada vez mais e as mulheres são as que mais sofrem com esta síndrome, pois as tarefas aumentam e não sobra disposição para focar no que realmente desejam fazer.
O relatório "Women in the Workplace" de 2022 da Mckinsey & Compnay e LEAN IN trouxe um dado muito preocupante em sua pesquisa realizada com 40.000 colaboradoras e colaboradores em 333 organizações nos Estados Unidos e Canadá: as mulheres líderes são 2x mais propícias a investirem o seu tempo em trabalhos relacionados à diversidade, equidade e inclusão do que os homens líderes, gerando como consequência um esgotamento emocional "burnout" em mulheres, chegando à 43%, comparado com 31% em homens.
Longe de cair em um sentimentalismo ou um essencialismo, esta ideia de cuidar das outras pessoas é uma construção social e uma carga que a mulher sustenta em seus ombros dentro e fora das empresas. E isso pode ser demonstrado neste relatório, o qual revela que as mulheres líderes passam mais tempo e gastam mais energia oferecendo suporte referente ao bem-estar, diversidade, equidade e inclusão do que os seus pares homens. Este tipo de cuidado leva a uma excessiva carga de trabalho, um desgaste e uma falta de reconhecimento.
O que é o burnout?
O burnout é o estresse crônico específico relacionado ao trabalho. É a exaustão emocional e física que leva à insatisfação das atividades profissionais e à perda da felicidade pessoal.
O esgotamento emocional traz consequências graves para a saúde mental e física da mulher, pois reduz a energia feminina, a motivação, o foco, a concentração, o ânimo, a libido, entre outras coisas.
Esses sintomas atrapalham a sua determinação e contribuem para que desista de seguir em frente com seus projetos pessoais e/ou profissionais.
Isso é tão sério que desde de 1º de janeiro de 2022, o “burnout” foi reconhecido como doença do trabalho pela OMS e passou a fazer parte da lista desta organização (CID-11). Agora as empresas são responsáveis pelo esgotamento emocional de seus colaboradores e precisam promover ações que promovam o seu bem-estar de forma contínua.
Causas do burnout?
Há muitas coisas que podem levar ao esgotamento do trabalho, mas existem fatores comuns que podem ser identificados:
Não ser capaz de tomar decisões sobre sua agenda ou carga de trabalho;
Estar inseguro(a) sobre as expectativas dos outros membros da equipe ou superiores;
Uma cultura de trabalho ruim em que você não se identifica com a atitude e o moral das pessoas ao seu redor;
Falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal;
Engajamento excessivo com o trabalho e não perceber o momento certo de dizer não.
Efeitos do burnout
Físico
- Fadiga;
- Maior probabilidade de doença cardíaca;
- Maior probabilidade de pressão alta;
Saúde mental
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Isolamento de amigos e familiares;
- Falta de foco;
- Insatisfação com tudo;
- Falta de vontade de fazer o trabalho.
O que fazer para prevenir?
Priorize o autocuidado:
Adote bons hábitos de sono, nutrição, exercícios, conexão social e práticas que promovam o bem-estar. Uma simples caminhada em meio à natureza pode fazer uma grande diferença nesses momentos.
Mude sua perspectiva:
Quais aspectos da sua situação são fixos e quais você pode mudar?
Existem maneiras de reformular seu trabalho para obter mais controle ou se concentrar nas tarefas mais gratificantes?
É possível construir relacionamentos positivos e de apoio para neutralizar aqueles que a esgotam?
E se você estiver se sentindo ineficaz, que assistência ou desenvolvimento você pode procurar?
Se o reconhecimento estiver faltando, você poderia conversar com alguém sobre isso?
Reduza a exposição a estressores do trabalho
Redefina as expectativas de colegas, clientes e até familiares sobre as responsabilidades e tarefas que está disposta a assumir, bem como as regras básicas para trabalhar em conjunto.
Trabalhe a Cultura da Generosidade Alterista (com limites) em você e na empresa.
Aprender a dizer não sem se sentir culpado (a) é transformador e essencial para garantir um ambiente saudável. A cultura da generosidade é capaz de criar um ambiente leve, harmonioso e ao mesmo tempo produtivo, permitindo que as pessoas perguntem e solicitem ajuda sem medo.
Busque conexões.
O melhor antídoto para o esgotamento é buscar interações interpessoais ricas e desenvolvimento pessoal e profissional contínuo.
Encontre mentores e grupos que possam ajudá-la a identificar e ativar relacionamentos positivos e oportunidades de aprendizado.
Como pode perceber o caminho para evitar o esgotamento físico existe e depende de ações conjuntas entre empresa e colaboradores para a quebra do círculo vicioso e negativo que faz as pessoas deixarem de acreditar em seu potencial.
*Cris Zanata - CEO e Fundadora do InsAB
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